O PHDA
As estatísticas apontam para taxas de prevalência da Perturbação de Hiperatividade e Déficit de Atenção
(PHDA) entre 3% a 7% em crianças em idade escolar em Portugal, sendo a situação mais diagnosticada entre crianças.
Um dos primeiros sinais de alerta são as queixas dos professores, seja devido ao comportamento seja devido aos resultados escolares.
Intervenção com neurofeedback
A criança pode apresentar dificuldades em prestar atenção, distração e dificuldades de memória e organização, desmotivação e ansiedade, alterações de humor e falta de capacidade em estar quieto...
Outros casos passam despercebidos porque a criança parece atenta e até participativa (e extrovertida) mas os resultados escolares denunciam problemas.
Caso não sejam endereçados, estes problemas permanecem na idade adulta. A boa noticia é que o neurofeedback pode ajudar: crianças e adultos.
O Neurofeedback foi desde cedo considerado uma forma com elevado potencial para a identificação e intervenção em situações de défice de atenção e hiperatividade.
A grande maioria dos indivíduos, crianças ou adultos, diagnosticados com défice de atenção apresenta atividade cortical muito característica nas zonas frontais do cérebro: excesso de ondas teta e défice de ondas beta (Lim et al., 2012). Mas ainda outros casos apresentam fenómenos corticais muito diferentes como seja o excesso de ondas alfa frontal ou ainda o défice de ritmos designados SMR (Sensorimotor Rhythm) e por fim, outros poderão ainda apresentar excesso de ativação cortical.
A Ansiedade é um tema muito negligenciado: uma criança previamente diagnosticada, medicada ou não, apresenta-se muitas vezes como uma criança estigmatizada. Noutros casos, a sensação de ineficácia (quanto mais estudo pior me sinto e menos consigo atingir) e as pressões para melhorar os resultados escolares, ou os conflitos familiares, geram níveis de ansiedade que terão impacto adverso sobre o estado da criança.
Validade da intervenção com NEUROFEEDBACK
O défice de atenção tem sido tema central na investigação do neurofeedback, pelo que são muitos os estudos que confirmam a validade, eficácia e especificidade desta terapia para a redução de sintomas de défice de atenção e hiperatividade.
Como exemplo muito recente, apresentamos um estudo que aborda os efeitos a longo prazo do neurofeedback no défice de atenção e hiperatividade e que conclui que não só eficaz no tratamento como os efeitos positivos se mantêm 6 meses após a descontinuação do tratamento:
Van Doren, J., Arns, M., Heinrich, H., Vollebregt, M. A., Strehl, U., & Loo, S. K. (2018). Sustained effects of neurofeedback in ADHD: A systematic review and meta-analysis.Sustained effects of neurofeedback in ADHD: A systematic review and meta-analysis.European Child & Adolescent Psychiatry. doi:https://doi.org/10.1007/s00787-018-1121-4
Deixamos ainda referência a um artigo extenso mas condensado que apresenta variadíssimos estudos e argumentos a favor da eficácia do neurofeedback face a tratamentos medicamentosos e outros: Pigott, H. E., De Biase, L., Bodenhamer-Davis, E., & Davis, R. E. (2013). The evidence-base for neurofeedback as a reimbursable healthcare service to treat attention deficit/hyperactivity disorder"
Os estudos apontam para níveis de eficácia do neurofeedback comparáveis à dos estimulantes como Ritalina, com a diferença notável que é o fato do tratamento medicamentoso só ser eficaz enquanto dura a toma e perder efeito ao longo do tempo (cerca de 6 meses), ao passo que o neurofeedback produz melhorias no desempenho escolar para além da conclusão do tratamento (já foi possível apurar até 2 anos após termino do tratamento). O neurofeedback foi ainda avaliado como mais eficaz do que as terapias cognitivas e do que o treino cognitivo computarizado.
Em resumo, a eficácia dos protocolos de neurofeedback vocacionados para o défice de atenção, como o SCP, SMR e teta/beta, tem sido extensiva e cuidadosamente avaliada recorrendo a metodologias cientificas muito rigorosas, tendo-se concluído que produzem resultados eficazes pelo reforço da aprendizagem dos mecanismos de auto-controlo cortical, seja pelo reforço de estratégias compensatórias.
De acordo com o Guia da Associação Americana de Biofeedback (Arns, Heinrich & Strehl (2016)) o neurofeedback
tem um nível de eficácia 5: "Efficacious and Specific "
Mais informação:
American Academy of Pediatrics (AAP). (2012). Evidence-based child and adolescent psychosocial interventions. [chart from: Addressing Mental Health Concerns in Primary Care: A Clinician’s Toolkit]. Elk Grove Village, IL: American Academy of Pediatrics.
Arns, M., de Ridder, S., Strehl, U., Breteler, M., & Coenen. A. (2009). Efficacy of neurofeedback treatment in ADHD: The effects on inattention, impulsivity and hyperactivity: A meta-analysis. Clinical EEG and Neuroscience, 40(3), 180-189. http://dx.doi.org/10.1177/155005940904000311
Brandeis, D. (2011). Neurofeedback training in ADHD: More news on specificity. Clinical Neurophysiology, 122, 856-857. http://dx.doi.org/10.1016/j.clinph.2010.08.011
Como funciona?
Análise prévia:
O sucesso da intervenção começa e depende da avaliação do perfil da criança. Entrevistas iniciais com a criança e com os pais, testes de despiste e que adicionalmente permitirão controlar a eficácia dos treinos, são algumas das ferramentas usadas em complemento com a o perfil de EEG (Brain map) e Biofeedback da criança.
A intervenção pode incluir:- treinos de neurofeedback para endereçar as situações e ritmos cujos desvios são considerados significativos, recorrendo-se ao treino de frequências, rácios ou coerências em áreas específicas ou à aplicação do protocolo SCP, consoante o perfil do individuo analisado.
- biofeedback fisiológico, utilizado para treino de estratégias de controlo de ansiedade e aumento da oxigenação do cérebro.
- Ações de coaching e de transferência da aprendizagem para o dia a dia, aumentando a probabilidade de sucesso.
- Poderão ainda ser propostas e utilizadas outras metodologias psicoterapêuticas consideradas adequadas.